quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Instintivo


Seus olhos se fechavam e levava-o de volta para a noite nupcial de luxuria e prazer do qual ele tinha passado, onde corpos suados e surrados se entrelaçavam e se comprimiam na forma mais arcaica e translúcida do prazer.


Ele levanta da cadeira e sai da frente da tela ofuscante do qual suas palavras eram docemente escritas por sua mão suada e com cheiro do cigarro que ele acabará de fumar.


Deita em sua cama e procurando algo para fazer, acende mais um cigarro, fecha seus olhos e se deixa levar. Lembra da luz avermelhada dos suspiros e gemidos. Sente em seu corpo o peso do corpo do outro ser que o tinha tomado por inteiro levando-o um ápice de magnitude esplendida do prazer.


A noite não parecia ter terminado e mesmo depois de um dia de cansaço e correria o cheiro do libido do prazer ainda repousava em seu corpo. Ao fechar seus olhos ele consegui ver e sentir todo o acontecimento que o tinha deixado em êxtase profundo e por um tempo louco.


Carinhos, beijos profundos, corpos trêmulos, quentes, latejantes, transfigurados no prazer absoluto do momento, o carinho se transformava em apertões e os apertões novamente voltava a ser carinhos frenético e voraz.


Respirações profundas, mordidas, chupadas, tapas leves e mais mordidas. Os corpos ficavam marcados, dor e prazer se equilibravam e envolvia aqueles corpos de forma única de visceral.


Pequenos gritos, gemidos, respirações fugaz, mais gemidos e seus corpos se reprimiam um ao outro, uma respiração profunda e o descanso merecido chegava, com o corpo do outro ser repousado sobre ele.


Os dois ali deitados deixava a musica penetrar em seus corpos através de seus ouvidos e poros. A musica chegava calmamente em suas almas e faziam-nas dançar vagarosamente enquanto o que restava para aqueles corpos era o descanso. E ele sentia o suco cremoso dos deuses escorrer sobre sua virilha e coxas.


Era o findar de uma noite de prazer absoluto. O sono vinha calmamente nos dois corpos enquanto suas almas ainda dançavam sob o teto do apartamento e o cheiro do prazer se dissipava pelo ar.


Ele que ali estava deitado sobre a cama lembrando do acontecido, da sua ultima tragada no cigarro, abre seus olhos que se ofuscam com a luz amarelada de seu quarto, percebe a embriagueis daquele cômodo com roupas, meias e coisas jogadas. Volta para sua mesa e para sua tela ofuscante, apaga seu cigarro naquele cinzeiro cheio de bitucas velhas e fétidas voltando assim a escrever sobre todo o ocorrido. Seu corpo cansado e sua cabeça dolorida. Ele vai escrevendo e ouvindo a musica calma e redundante que finda sua vida em seu texto, finda sua lembranças em palavras categoricamente instintivas e sem sentidos.


A musica acaba, ele escreve suas ultimas linhas e se sente frágil e infeliz por tudo aquilo ter se esgotado.