quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Prazer


Ela dança insinuante e prazerosamente entre a garrafas e roupas que ali no chão estavam jogadas.


Seus olhos grandes e negros brilhavam ao contato da luz fraca que ambientava todo o clima daquele lugar enquanto sua cabeça girava calmamente com sua mão no pescoço lhe auto-acariciando. Com a garrafa em uma das mãos e na outra o restante de um cigarro sujo de seu batom vermelho ela pegava aquele liquido amarelado e de cheiro forte e com fortes goladas deixava-o escorrer entre seios, barrigas e pernas.


A camisa social do qual ela tava vestida escondia sua ligerie preta de rendas vazadas. Suas pernas grossas e seu corpo composto por curvas jamais vistas deixava-o deslumbrado com tamanha beleza ali posta em sua frente.


Ela continua dançando sinuosamente enquanto a musica aumenta cada vez mais, seu corpo se torna mais frenético e entre voltas e passos desconcertados ela cai sobre o carpete de joelhos. Coloca a garrafa de lado, joga a bituca daquele cigarro bem usado e começa a acariciar de forma visceral passando suas mãos por entre suas pernas, barriga e seios.


Seu corpo latejava e entre risadas e mordidas em seus lábios ela aperta suas mãos contra seus seios lhe fazendo suspirar e se jogar aos pés dele. Ela levanta ainda anestesiada com aquilo, corre para a mesa e prepara mais uma daquela tira do prazer que a transformava em quem realmente ela era. De uma forma sobre-humana ela se agacha e rapidamente transmite todo aquele poderoso e colossal pó para dentro do seu corpo, fazendo-a rapidamente cambalear.


Ela se volta novamente para ele, e com seus pés vestidos naquele majestoso salto ela o instiga, colocando seu pé direito sobre a barriga dele e de forma límpida começa a acariciar toda a extensão de suas pernas, chamando-o para possuí-la, suas mãos elevam sua cabeça a fazendo pender para frente e seus cabelos negros e lisos cobrem seu rosto enquanto risadas sensuais e atraentes vão se soltando aos poucos. Ele se aproxima tentando alcançar seu rosto, mas ela empurra-o mostrando que naquele momento era ela quem comandava.


Mais goles daquele liquido amargo chegam aos seus adocicados lábios e de forma audaciosa ela deixa aquele liquido do prazer escorrer sobre seu corpo propondo para ele que de forma irracional ele a lambesse e sentisse seu gosto deslumbrante e alucinante.


Ele se levanta, mas novamente ela renega-o o empurrando contra o sofá, dança, ri, rodopia e sua mão puxa seus cabelos para trás fazendo sua cabeça pender para trás enquanto mais e mais mordidas são notadas em seus lábios.


Os botões daquela camisa branca já molhada pelo límpido do prazer vai se abrindo aos poucos e de forma instantânea ela se ajoelha sobre as pernas dele jogando mais daquele combustível sobre o corpo dele... ela se aproxima, sente o seu cheiro e de forma pueril morde a ponta de sua orelha fazendo-o tremer e ao mesmo tempo temer.


Ela se aproxima mais e mais, pega-o pelo queixo conduzindo-o em direção a ela. A musica fica mais alta e alucinógena, tudo começa a parar, já não existia mais nada do que aqueles belos e transpostos corpos latejantes.

As luzes se apagam, a musica se torna vertiginosa e eles se entregam ao absoluto do prazer.




Leia ao som de The Raconteurs - Together


[Link para baixar a musica: 05 Together.mp3]


[Isso lembra uma frase: "prazer, eu serei sua companhia essa noite"]


terça-feira, 7 de outubro de 2008

Morte.


No cinzeiro bitucas amassadas e retorcidas misturavam-se com cinzas apáticas, ali repousava ainda seu ultimo cigarro com uma fumaça espessa que se dissipava ao tocar no teto gelado e úmido da chuva calma que caia naquela noite.


No som tocava a mesma musica melancólica de sempre, a musica repetia calma e sinuosa varias e varias vezes.


Pela janela entre aberta o vento que passava balançava as cortinas brancas que se molhavam com os chuviscos que batiam no beiral. Já era possível ver as primeiras moscas em busca de carne fresca entrar pelas fendas da janela em busca de alimento novo.


Seu corpo estava ali caído pálido e já sem vida se misturando com o sangue vermelho e espesso que cobria o carpete do apartamento. A arma ainda quente e com restos dos estilhaços da pólvora se reluzia com a claridade de um pequeno abajur na mesa de canto daquela sala, onde as paredes tinham presenciado tal ato e tamanha dor.


Sua expressão era assustadora, seu corpo retorcido, a camisola branca manchada pelo combustível da vida e seus olhos entreabertos ainda estavam sujos da ultima lagrima de dor que ali tinha corrido. Seus cabelos negros e seu rosto perfeito abriam espaço para a fenda do qual aquele tiro tinha provocado. O sangue corria a cada segundo por sua boca, ouvidos e cabeça. As moscas já pousavam sobre aquele emaranhado de fluidos que ali repousava.


Mais e mais chuva caia e as cortinas ficam mais ferozes com o vento. Seu corpo ia gelando com o tempo e a fumaça daquele cigarro se tornando menor e já sem importância... Mas a musica persistia em não parar. Era sim o som do qual ela tinha decidido fazer tudo acontecer.


As perguntas e questionamentos tinham se findado, as dores do passado e o medo do futuro já não existia mais. Uma carta com letras borradas e tremulas estava encima de sua cadeira, papel amarelado com tinta azul contava tudo o que tinha se passado e como tal decisão tinha ocorrido, pedidos de desculpas, revelações e declarações era descritas claramente.


Seu gato cinza que do canto da sala tinha visto ocorrer toda cena, agora repousava com um olhar de tristeza sobre o seu corpo degradante.


E sua alma vagava pelo quarto relembrando os momentos que ali tinha ocorrido até aquilo acontecer. Nos portas retratos suas fotos, que mostravam os momentos perpetuados.


O cigarro se apaga, a chuva se intensifica e o som torturante se finda... Somente escuridão e a solidão mórbida acompanhavam aquele corpo.


Ventos, cheiros, vermes e moscas... Era a morte, simples e sorrateira morte!


Leia ao som de Eccentric - After Forever.


[Link para baixar a musica:05 Eccentric.wma]