quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Alvorecer


O sol ja estava em seu deleite de descanço e a noite começava a despontar no horizonte quando ele acordou.

Ele abre seus olhos e se vê mais uma vez naquele lugar escuro, o cheiro de restos de cigarros e o odor forte que subia das garrafas de vodka vazias, o deixava com nauzeas e por vezes ancias.

O lugar era degradante o cheiro de mofo se misturava com o fedor de todos os restos de coisas que ali jaziam jogadas sem fim algum. Paredes humidas, uma cama pequena com um cholchão fétido e fino. Entre todas as coisas que ali estavam jogadas se destacava uma mesa retangular e baixa, onde tinha fotos e papéis com letras tremidas e desenhos rabiscados.

Ele se senta na ponta daquela cama, ascende mais um cigarro e olha em sua volta e se vê naquele lugar potrificado do qual ele estava, e se retorcia por dentro em saber em qual situação ele tinha chegado.

Seus cabelos grandes e bagunçados, rosto redondo e corpo curvo. Suas mãos tremiam sinuosamente, e enquanto uma era ocupada pelo cigarro e pela fumaça que o mesmo expelia, a outra era calmamente passada sobre sua cabeça ao modo de tentar arrumar seus cabelos e ao mesmo tempo amortecer a dor infame que ele sentia naquele momento.

Ele olha para os lados como se procurasse algo, entre garrafas ja vazias e restos de comidas apodrecidas, ele encontra um resto daquele liquido que o mantinha anestesiado de sua dor e afastado de suas mais infames loucuras.

Ele rapidamente pega aquela garrafa, suja e encardida, e de forma visceral toma todo aquele liquido transparente de gosto forte e cheiro terrivelmente anestésico.

Por um momento é possivel ver seu corpo se comprimir, e suas mãos apertarem suas coxas. Seus olhos se apertam, enquanto ele morde seus labios e sente sua alma sendo projetada para fora do seu corpo. Espasmos carnais, reflexos espirituais e transtornos psiquicos assolam um mesmo ser, um mesmo corpo em busca do esquecimento mutuo de um passado falido e doloroso.

Todos o haviam deixado, e toda sua vida se transformará em pó quando aquele acidente aconteceu. As fotos na mesa retangular o fazia relembrar dos que sempre estavam ao seu lado, lhe prometendo consolo perpetuo. Letras tremidas tentavam descrever aquele sentimento do qual ele sentia mas lhe faltava palavras.

Seu corpo pulsa encima da cama enquanto seus pensamentos são projetados para fora de seu corpo, era como uma tela de cinema, nas paredes daquele quarto escuro e ja sem vida era mostrado tudo o que ja tinha acontecido em sua vida.

Rostos alegres, pessoas amorosas, festas e coisas estranhas passavam em frente ao seus olhos, enquanto ele chorava descomunalmente em frente a tais imagens.

As imagens daquele acidente começava a passar sobre as paredes e o choro vinha o rasgando o peito, enquanto suas lembranças cada vez mais era projetada para fora, envolto aquelas paredes emboloradas.

Ele se encolhe em um canto da cama com sua cabeça entre seus joelhos e é possivel escutar seus soluços de desespero e dor.

A fumaça do cigarro se torna ligeira, a musica de sua vida fica cada vez mais pertubante e em um ato de loucura e insanidade um grito fervoroso sai de sua garganta enquanto seu corpo cansado e abatido cai sobre aquele colchão.

Como um raio tudo se apaga, tudo se torna quieto e sem vida. Enquanto seu corpo descança sobre o ar funebre do momento.

Vida doce vida… Como o féu que caia do sangue do primogênito, em seus braços naquele dia.