segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Lembranças


Faltava luz e a cidadela estava em plena escuridão naquela noite, as nuvens densas e acinzentadas cobriam o céu, impossibilitando a luz da lua atravessar e iluminar as casas abandonadas e os jardins mal feitos.


Crianças brincavam na rua escura enquanto pessoas com rostos assustados e olhos arregalados olhavam pela janela a espera de alguma coisa acontecer, os carros passavam na rua com faróis altos cortando o barulho do vento e das corujas.


Uma brisa calma, escuridão e mais escuridão, o vento que passava lentamente por corpos, pelos e poros gelava a alma e o coração.


E ele estava ali, deitado em sua cama, olhando pela janela aquelas nuvens que não se movimentavam, entre um cigarro e outro ele brincava com o fogo do isqueiro e comungava com a escuridão que era sua única parceira naquela noite.


O vento balançava as cortinas e a janela do seu quarto fazia barulhos... Era o único som que ele conseguia escutar.


Seu corpo repousava na cama, naquela noite não existia novela, Internet, musica, não existia pessoas para ele conversar.


Seus olhos se fecham e sua mente projeta-o para lembranças do qual seu corpo e espírito já tinham vivido, pessoas, coisas e gestos. Tudo que ele pensava era com tanta intensidade que ele conseguia sentir claramente em seu corpo.


Ele se retraia na cama, se comprimia e sua respiração ficava ofegante a cada pensamento insano e descomunal que passava por sua cabeça. As lembranças não eram boas, não era satisfatórias, ele tentava controlar, mas não conseguia conte-las, sua respiração ia ficando mais forte e visceral a cada lembrança e as primeiras lagrimas eram possíveis perceber.


Ele levanta atordoado, senta em sua cama e uma tontura estranha toma o seu corpo, ele levanta dali desequilibrando-se vai até sua mesa e pega uma garrafa de uísque coloca uma dose e deita novamente na cama. Acende mais um cigarro, agora alternando tragadas e goladas daquele liquido quente e amargo.

Ele queria esquecer de tudo que lhe passava na cabeça. Já não tinha mais o porque ficar relembrando coisas sem importância aparente, hoje ele era opulente e poderoso tinha tudo o que queria, aquelas lembranças fazia com que seu passado transformasse seu futuro em ruínas.


Aquele liquido caramelisado e com odor forte só fazia sua mente ser cúmplice de sua derrota. Um gole, mais uma tragada e pronto seus pensamentos se tornam mórficos, fazendo-o ver os monstros do seu passado caminhar sobre o pequeno quarto do apartamento, era como ver todos aqueles que ele tinha machucado vir lhe cobrar sua vida como pagamento.


Ele então se encolhe no canto mais escuro da cama, é possível ouvir sua respiração, a tosse começa a ficar forte e intensa, o cheiro de cigarro era forte e a sonolência proporcionada através daquele elixir vinha sorrateira e calma. Ele vai relaxando aos poucos músculos e tecidos, seu corpo transpira seus olhos fecham calmamente, tontura, remorso, ruínas, lembranças, lagrimas...


Seus corpo cai e assim ele se entrega ao sono profundo das lembranças sem causa.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Dor!



Seu corpo frágil descansava no pequeno beiral da janela, seus olhos assustados olhavam as pessoas que lá em baixo passavam apressadas em busca de algo que ela não conseguia entender.


Suas mãos alisavam seu ventre e entre seus dedos ela apertava a camisola de cetim branco, ela se perguntava onde estavam todos aqueles que sempre lhe acompanhavam? Que sempre Ajudavam-na a fazer brincadeiras pueris?, eram perguntas sem respostas aparentes, ela já não entendia.


Sua cabeça doía, e uma leve tontura passava pelo seu corpo. Ela se desequilibra por um momento e segura firme nas bordas da janela, vem então uma vertigem e as lembranças do qual outrora ela tinha passado, o tempo nostálgico do qual ela tinha vivido um grande amor invalido.


Seu rosto tinha uma expressão calma, mas o desespero tinha tomado sua alma, a maquiagem fraca e os cabelos presos remetiam a imagem de uma pessoa centrada, que não conseguia demonstrar seus sentimentos e desejos internos.


Ela aperta suas mãos sobre a cabeça e as lagrimas começam a descer calmamente sobre seu rosto e entre seus seios, enquanto o choro vinha contido suas mãos apertavam sua cabeça e ao mesmo tempo acariciavam sua barriga, o desespero e a dor começam a ficar aparente, ela desce da janela e anda para o outro lado da sala, sentando em um sofá ela começa a se questionar por que tal coisa tinha acontecido contigo.


Sua expressão a cada segundo era mais pesada as mãos sobre seu rosto tentando esconder suas lagrimas ia ao mesmo tempo puxando seus cabelos e os levanto junto ao rosto.


Tua mão tremula então passa por seus olhos enquanto a outra cada vez mais se comprime e aperta sua barriga, ela já não tinha vida, estava perdida, se sentia fora do jogo e sem forças para continuar, já não sabia como fazer... Já não sabia como viver.


Suas lagrimas mais intensas, soluços e gritos a deixavam louca. Ela levanta começa a quebrar coisas e cai de rosto ao chão, solta um grito e começa a chorar desesperadamente, se pergunta por que? Por que? Ela não entendia.


Já não se sentia parte daquele mundo, tudo estava parado sem vida e a dor era insuportável ela queria se livrar daquela dor do qual sentia. Com sua face apoiada sobre os braços, somente o chão e as paredes vazias daquele apartamento eram as testemunhas do momento.


Não tinha mais forças para nada, ela solta um grito que penetrou a alma, tudo parou, somente se ouvia a doce melodia de sua falida vida, ela se ajoelha pega sua bolsa, retira algo de dentro e em um ato impensado, sem sentir ao menos um pesar ou um remorso ela rasga seus pulsos, ela já não sentia e o sangue que dali escorria e manchava sua roupa e coxas já não tinham vida.


Seu corpo cai sem vida sobre o tapete, mas podia se ver espasmos e seus últimos suspiros ofegantes.

Tudo ficou escuro, silencioso e sem dor. E dessa forma sua alma se entregou!


Leia ao som de: Our Farewell - Within Temptation


[Baixe aqui a musica: 03 Our Farewell.wma]

Intimus


Ela dançava calmamente em seu quarto, dividindo o pequeno espaço com sapatos, roupas e coisas jogadas no chão, as luzes baixas e calmas lhe transmitiam um ambiente perfeito e uma calma descomunal.

Olhos semi-serrados, boca rosada, maquiagem marcada, cabelos soltos, um vestido preto era o seu figurino naquela noite, sorrisos singelos apareciam em seu rosto e por vezes risadas sem motivo aparente.

A expressão em seu rosto remetia a lembranças que outrora ela tinha passado, ela continuava ali dançando sozinha, o momento era dela e nada seria mais perfeito e completo do que aquilo.

Entre uma taça e outra de vinho que ela saboreava calmamente, esbarrões e tropeços na cama e nos sapatos, deixava-lhe sem ritmo.

Ela senta na ponta da cama e uma leve embriagues é possível perceber, seus dedos percorre a taça serrada de vinho, mais um gole e mais um, pronto a taça vazia é deixada de lado.

Ainda ali sentada seus dedos percorrem seu pescoço calmamente, a musica entra por seus poros, invade seu corpo e transmuta sua alma. Sorrisos sensuais, espasmos carnais, a respiração se torna ofegante e forte. Suas mãos alcançam sua nuca fazendo sua cabeça pender para traz, ela sente seus cabelos e a respiração se torna mais forte, mordidas em seus lábios e olhos apertados expressam quão era sua sensação.

Suas mãos percorrem seu corpo, dedos calmos passam por seios, barriga e coxa, e as expressões de prazer aumentam a cada segundo, sua carne treme e sua mão direita é comprimida entre suas coxas enquanto sua mão esquerda calmamente percorre todo o desenho de seus seios.

O prazer é inevitável, seu corpo se contorce e seus movimentos calmos e insinuantes relatam sua satisfação.

A musica parece ficar mais alta invadindo seu corpo, sua respiração aumenta com movimentos mais intensos, um singelo e vigoroso gemido é liberado fazendo-a cair na cama, e seu corpo se comprime fazendo sua mão deixar marcada as partes internas de suas pernas enquanto alisa de forma frenética e intensa seu rosto, nuca e cabelo.

Sua respiração se mistura com pequenos gemidos de prazer. Tudo parece parar, a música aumenta mais e mais e ela se entrega ao inevitável do momento.
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Leia ao som de Warwick Avenue - Duffy
(Baixe a musica aqui: 02. Duffy - Warwick Avenue.mp3 )

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Compulsivo


O cheiro de cigarros no quarto era insuportável fazendo a convivência ali ser quase impossível.

Seringas usadas, agulhas sujas e restos das substancias que a mantinha ainda viva estavam espalhadas pelo chão, encima da mesa do computador e pelas almofadas. As garrafas de bebidas eram seu cobertor e seu colchão naquela cama, a musica estridente invadia a alma tornando ela cada vez mais vulnerável e mórbida.

Ali estava ela, jogada encima da cama, seus braços marcados pelo tempo, manchas roxas invadiam sua coxas, a maquiagem borrada pelas lagrimas, a boca vermelha pelo batom da noite anterior. Seu corpo repousava sobre aquele mar de sujeiras, vômitos e fluido que ela liberava em cada repulsa... Espasmos do seu corpo.

O choro era constante e a morte invadia seu corpo, Ela tenta se levantar sem sucesso seu corpo já não respondia. A pele branca, lisa, macia e aquela lingerie preta, remetia como era seu poder e quão era sua opulência.

Mas naquele momento nada mais era como antes, suas pupilas dilatavam, as lagrimas negras que descia sobre a cama. Já não tinha vida. Era dor, angustia e uma vontade insaciável de sentir mais daquilo.

Ela reluta novamente em levantar... Cai sobre o tapete e seus belos cabelos negros tampam seu rosto, de uma forma sobre-humana ela vai até a gaveta pega mais um daquele doce e suave elixir.

Sem muito prezar ou sentir a agulha perfura sua pele, as lagrimas escorrem sobre seu rosto e as mordidas sobre seus lábios estampam a dor que ali ela sentiu, o sangue vermelho pálido e sem vida que sai do seu braço, da espaço para o liquido amarelado e apático da seringa.

Ela se encolhe ali no canto escuro do quarto, seus cabelos cobrem seu rosto, mas é possível ouvir os soluços cortantes que sai daquele ser, seu corpo treme e se comprime, e em cada vea de seu corpo ela pode sentir o “liquido do prazer” passar.

A música aumenta torturante e sinuosa, as luzes se apagam, a solidão toma conta de sua alma, mais lagrimas negras caem sobre suas pernas e as mordidas se tornam tão intensas que o sabor adocicado do seu sangue ela consegue sentir.

Tudo parece parar, a musica fica lenta e sem sentido, ela respira fundo e se deixa levar...
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[Ouça ao som da musica blues veins - The Raconteurs]
link para baixar a musica:
10 Blue Veins.mp3

sábado, 20 de setembro de 2008

(?)


O tempo estava cinzento e apático naquela tarde, e a chuva fina e calma que caia molhava seu rosto se misturando com sua lagrimas.

Os carros passavam cortando o vento e a água e seus motoristas com rostos assustados e suspiros estressados pareciam ter saído todos de um mesmo lugar, as pessoas que ali caminhavam com olhares robóticos e guarda-chuvas pretos davam o ar fúnebre daquele momento.

Ele passava a mão em seu rosto para secar sua lagrimas e sentia o cheiro de poluição na água que caia, seus olhos vermelhos e suas pupilas dilatadas mostravam quão era o sentimento do qual ele sentia naquele instante.

Ao subir o viaduto que cortava a cidade ele parou e olhou para baixo, e só conseguia ver um rio pálido e sem vida lá em baixo, que já não refletia sua imagem.

Ele respira e em atos impensados sobe e inclina seu corpo para frente. Os carros passavam rapidamente e o barulho que ali fazia era infernal, as pessoas insólitas sequer o percebia. A chuva aumentava e molhava todo seu corpo, a roupa colada pelo suor e pela chuva já lhe pesava na alma. Sua dor era infame e silenciosa e dilacerava sua alma aos poucos a lagrimas aumentavam gradativamente e ele percebia que já não restava mais nada.


Ele respirou fundo... E enfim tudo se apagou!

Ouça ao som de – Don’t Smoke In Bed - Nina Simonne

(link para baixar a musica)


02-Don't Smoke In Bed.mp3

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Possessão


A noite estava fria, e a luz prateada que aquela lua transmitia deixava aquele momento com um ar de lembranças que outrora ele tinha vivido.

Ele andava calmamente, o frio rachava seus lábios enquanto o vento era responsável por zumbidos tênues em seu ouvido, nada nem ninguém na rua, somente ele caminhando e olhando para o horizonte, os barulhos dos latidos dos cães e dos seus sapatos era a única coisa que se ouvia.

Casas abandonadas, luzes piscando e muros tatuados com letras que ele não entendia eram o cenário da mórbida e tenebrosa cena, a fumaça que ele exalava e soltava calmamente aquecia os seus pulmões e lhe transmitia uma calma descomunal lhe deixando por fora de tudo àquilo que acontecia.

Pensamentos e lembranças ocorriam em sua mente, e uma euforia tomava conta do seu corpo, ele se indagava, cadê todo mundo? Onde esta as vidas que aqui habitavam? Mas as respostas não vinham. A sensação de desespero só aumentava a cada minuto, respiração ofegante e mais e mais fumaça.

As luzes piscavam, o vento rugia como um leão, seus passos começaram a perder o ritmo e aquela certa tontura tomou conta do seu corpo, com sua mochila nas costas ele olhava para todos os lados, olhava para trás querendo voltar, mas seu corpo não deixava, parecia que já não era mais ele que ali comandava. Dor, angustia, agonia, temor tudo passava pelo corpo dele como em flash e o desespero aumentava de forma que já não existia controle.

Lagrimas escorreram sobre seu rosto juntamente com a dor que parecia rasgar o seu peito, tudo ali já não parecia mais conhecido tudo parecia uma maquete mal feita e pouco usada, os latidos dos cães aumentavam e ensurdeciam seus ouvidos.

A loucura já tomava conta de sua alma enquanto desesperadamente ele descia aquele morro, as folhas secas e amareladas que caia das arvores pelo caminho lhe fazia pensar que toda a vida tinha acabado e que somente ele, só ele estava ali, sozinho sem mais ninguém para acalentá-lo.

Ele rodava olhando para os lados e com um suspiro e um grito cortante seu corpo caiu no chão como um boneco sem vida. O cheiro da gasolina no asfalto marcado por pneus seria seu travesseiro naquela noite e o céu bordado de estrelas e tomado pela luz prateada daquela lua seria seu cobertor, parecia o fim; morte, desespero, possessão, morte.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O Profeta


Crianças brincavam na mesma calçada onde homens normais e despercebidos trocavam pequenos pacotes por dinheiro.

Barulhos infernais davam o tom da trilha daquela noite, carros, buzinas, caminhões e pessoas que falavam loucamente ao celular eram o violão, a bateria e a guitarra da maldita cidade. Olhares vagos sem vida estampavam verdadeiramente o rosto daquele lugar. Corpos inchados, curvos e semi-nus apareciam a todo momento. Não tinham simetria, não tinham vida.

Entre estalar de saltos e risos enfadonhos, percebia-se que tudo estava se tornando igual, pessoas, objetos e casos. O verbo sendo sujeito e o sujeito tomando o lugar do verbo. Tudo estava se enquadrando e vegetativo era o quadro daqueles que passavam por lá.

Suas risadas eram maçantes, mas riam de que? Se não havia vida, se não existia cor. Tudo cinza e apagado. Uma selva de pedra e um emaranhado de construções sem vida. Do que riam? Ele se perguntava sem resposta nem ao menos um mínimo entendimento.

Nas filas as pessoas pareciam estatuas de parque, sequer perceberiam se um pássaro lhe pousasse, mas ainda existia isso? Será que esses zumbis em forma de gente saberiam descrever uma mera ave? Ou faltariam substantivos e adjetivos? Ele próprio não sabia responder o que essas pessoas falariam. Eram pequenos zumbis a espera da sua vez para retirar os papéis das guerras sem causas. Somente via-se rostos enfadonhos e sem cor, o mesmo olhar apreensivo e ao mesmo tempo vazio.

Ele se perguntava para onde tinha ido parar a vida? E o pior ele se perguntava se ele era mais um daqueles zumbis sem vida, pois afinal ele estava em meio de tantos. A duvida deixava-o louco e o medo de ser mais um ser igual, sem graça e sem esperança lhe dava dores mortais em seu peito.

Mas em meio de tanto caos, eis que surge então ele, um cigarro em sua mão direita equilibrava o seu corpo juntamente com o peso da latinha da cerveja em sua mão esquerda. Entre tragadas e goladas suas palavras se enrolavam e nada parecia direito, não era normal e muito menos igual, seus passos nada pensados lhe deixava tonto, mas um tonto feliz, sua roupa suja e maltrapilha coloria os olhos de quem via.

Mas afinal o que ele era? O rapaz se perguntava, e iguais as outras essa pergunta ficou sem resposta para o jovem rapaz. Ele jamais saberia se o ser dos passos curtos e desajeitados. Era o profeta para salvar aquele dia ou simplesmente um maltrapilho vagabundo.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Falta.

Eles sentaram como dois desconhecidos naquele lugar onde muitos assim são.

Olharam um para o outro, mas não disseram nada, calaram-se para seguir viagem.

Eram desconhecidos, mas compartilhavam da mesma crença,
Eram desconhecidos, mas estavam indo para o mesmo lugar,
Eram desconhecidos, mas moravam no mesmo endereço,
Eram desconhecidos, mas dividiam a mesma casa,
Eram desconhecidos, mas dividiam a mesma cama...

E toda noite dormiam juntos, e comungavam um com o outro de seus suores, hálitos e odores

Mas ainda assim eram desconhecidos, e se tratavam como tal, uma vida no colo dele estampava os seus sexos programados e marcados na agenda, as noites das dores cabeças e de negações na cama. O celular no bolso dela e o fone de ouvido que lhe transmitia as musicas do momento somente tatuava naquele instante a mínima importância que ela dava para o “seu desconhecido”. Olhares vagos, palavras categoricamente medidas e bem pensadas, sorrisos discretos de aceitação ou negação. Silencio, atenção, silencio.

Nada mais restava naquele momento, ou sobrava até de mais. Os dois desconhecidos que simplesmente estampava para mim o que eu já havia visto na sociedade, mas relutava em acreditar.

Cadê o amor?
O afeto?
Cadê o carinho?
Cadê a simplicidade do olhar?
Os suspiros apaixonados?

Eles como muitos se esqueceram desses pequenos e grandiosos detalhes, falta afeto, falta sentimento humano.

Falta tudo, da mesa do café da manhã ao maldito prato da janta da tarde.

Falta..... Infelizmente falta.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Para você.

Ele apareceu, e em pouco tempo conseguiu me decifrar... Entender-me.

Veio com olhares de medo que aos poucos se tornaram de ternura e carinho, me fez conhecer quem eu era e sentir verdadeiros sentimentos que se perpetuam e a cada dia aumentam de forma esplêndida.

Faz-me viajar a cada noite mal dormida. E a cada abraço seu encontro a proteção do qual preciso.

A saudade quando não o vejo é cortante e passa por toda minha alma a cada segundo.

Tenho lembranças de cada momento único do qual passamos e uma imensa felicidade para com as expectativas de cada encontro e de cada instante que está por vir.

Enfim... São sensações, momentos e situações quase que indescritíveis. Há tanto sentimento e carinhos que não tem como descrever.

Uma pessoa perfeita em um momento perfeito talvez seja a única explicação.

E o amor que brota de dentro do meu pequeno e apertado coração seja a resolução.

Para tentar entender essa historia escute três musicas.

Equalize – Pitty
O Retorno de Saturno – Detonautas
300 km por hora – Autoramas.

Sopa de letrinhas.


Às vezes as coisas parecem uma sopa de letras, ocasiões, situações, substantivos e verbos saem do lugar, dando espaço para um emaranhado de sensações e pensamentos... Tudo junto e bagunçado... Tudo complicado... E é nessas horas que tudo se mistura, lhe remetendo para algo maior ou talvez para simples coisas que jamais entenderá.

Mas talvez a vida seja essa sopa de letras...
.E
......................................................................................Nós
....................................Partes
.....................................................................................................................Da
.........................................................Saborosa
....................................................................................................................................................E
.................................................................................Quente
.....Sopa

Um sorriso.... Apenas um sorriso.


Entre barulhos e balanças simétricos em uma minhoca de metal que corta cidades, lá estava ela.
Ser singelo, acompanhada por pequenas vidas do qual ela cuidava. As marcas do tempo estavam estampadas em seu rosto, o sorriso como forme de repreensão a todo o momento aparecia no seu rosto.
E então surgiu um envelope, amassado e sujo com letras bonitas, de dentro dele saiu um papel de carta, dobradura estilizada e a mesma bela letra por toda sua extensão. Ela lia calmamente e com um pouco de dificuldade que ficava clara pelos seus pequenos olhos cansados e pela leitura que em seus murchos e sugados lábios saia.
Aqueles pequenos seres iam de um lado para o outro entre pedidos e negações o barulho continuava irritante e o balanço me deixava com náuseas que jamais tinha. O sol batia em seu rosto e a carta se aproximava e se distanciava dos seus olhos relutando para conseguir ler o tão precioso texto com as belas letras no papel de carta requintado.
Após muito tentar consegue terminar a leitura e um sorriso de esperança fica tatuado em seu rosto, como se tudo aquilo lhe remetesse a algo bom e novo... Ou somente um lembrança que outrora lhe deixava feliz.
O balanço e o barulho continuavam simetricamente e enjoativo entre pessoas que ia e vinha, entre gritos de vendedores com olhares assustados com medo do inevitável. Entre seres que todo dia faziam aquele trajeto, nada parecia orgânico e sim seres programados para tal ato.
Mas aquele momento era dela, somente dela, com aquele sorriso que tinha brotado em seu rosto marcado pelo tempo, com suas roupas velhas e mal arrumadas, nada nem ninguém nem o maldito barulho infernal atrapalharia aquele momento que era único, para ela e conseqüentemente para mim.

Leia ao som de Distant Dreamer - Duffy