quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Madrugada sombria!

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A cidade vazia… não se ouvia outro barulho a não ser o ronco do motor do seu carro. A solidão o acompanhava no banco do passageiro de seu carro, enquanto as luzes que ensolaravam o caminho e fazia o asfalto brilhar fazia sua vista ofuscar.

Entre seus pés, garrafas daqueles líquidos que o anestesiava de toda aquela dor que ele estava sentindo. Era um vazio, algo irreconhecível que o possuía sempre e que ele comungava sem ao menos notar.

A musica alta saia dos auto falantes, e circulava dentre os bancos e seus ouvidos, a fumaça do cigarro que ele segurava calmamente dentre os dedos para fora da janela do carro fazia cogitar pequenos espirros, enquanto o carro a cada segundo corria mais, cortando o vento de forma assustadora e fazendo ruídos inimagináveis para o momento.

Ele chora descontrolado sem entender bem o motivo, ele tinha tudo o que queria, se sentia desejado, mas não desejava nenhum daqueles corpos que ele tinha.

Todos se amostravam, o desejava, lutavam para conseguir. E enquanto ele oferecia prazer e se lambuzava no deleite dos deuses, entregando para aqueles corpos potrificados seu corpo de menino e suas mãos habilidosas. Porem, a cada gesto de desejo, a cada movimento sensual e promiscuo mais seu coração gelava e se trancava em mundo que nem ele conseguia acessar.

Por um momento ele sente um solavanco no volante e volta a consciência rapidamente, tentando voltar toda sua atenção para a estrada límpida que seguia a sua frente.

Tudo parecia morto, as luzes tremulas e bruxelantes, as arvores mórbidas e redundantes, um asfalto pálido e sem vida, um corpo morto que dirigindo percebia tudo isso com detalhes jamais pensados.

Era ele novamente se transportando para o passado, o presente e tentando achar um caminho para o seu futuro. Ele já não queria mais aquilo. Ele só queria viver como um ser normal. Mostrar a todos que ele também era dotado de amores e medos. Mas alguém percebia? Todos o viam somente com aquele jeito opulente de ser.

Mais um solavanco no volante e novamente ele começa a perceber detalhes e cheiros daquela avenida que agora cheias de curvas o deixava com anciã e tontura. Voltando sua atenção para dentro do carro ele pega mais um cigarro, acende e com um suspiro ofegante e poderoso ele já não controla mais o choro e cai em si de como ele queria mudar tudo aquilo, mas não se sentia capaz. Lembra do tempo que tinha sido feliz, e se sente infeliz por ter perdido tudo aquilo.

Seus olhos adentram sua alma, e o leva para aquele tempo de risadas gratuitas, e ao mesmo tempo lhe mostra toda a destruição e auto-destruição que seguiu a frente depois daquilo tudo. E como sua vida tinha se tornado um crepúsculo sem fim.

Desesperado e sem controlar seus supiros e lagrimas, ele procura mais daqueles líquidos para tomar… Um gole… Mais um e pronto.

Já se sentia sem condição de viver, de navegar, trafegar e dirigir sua própria vida. Era o coadjuvante ao invés do diretor, era o crápula imundo que a família e os amigos fez questão de largar.

Bebe mais um gole, da uma ultima tragada naquela bituca que já estava no filtro, e o choro se descontrola junto com suas mãos…

…Aos poucos as coisas se escurecem, ele ouve um barulho ao longe e sente as dores passar!

Leia ao som de: Call It A Day – The Reconteurs