terça-feira, 7 de outubro de 2008

Morte.


No cinzeiro bitucas amassadas e retorcidas misturavam-se com cinzas apáticas, ali repousava ainda seu ultimo cigarro com uma fumaça espessa que se dissipava ao tocar no teto gelado e úmido da chuva calma que caia naquela noite.


No som tocava a mesma musica melancólica de sempre, a musica repetia calma e sinuosa varias e varias vezes.


Pela janela entre aberta o vento que passava balançava as cortinas brancas que se molhavam com os chuviscos que batiam no beiral. Já era possível ver as primeiras moscas em busca de carne fresca entrar pelas fendas da janela em busca de alimento novo.


Seu corpo estava ali caído pálido e já sem vida se misturando com o sangue vermelho e espesso que cobria o carpete do apartamento. A arma ainda quente e com restos dos estilhaços da pólvora se reluzia com a claridade de um pequeno abajur na mesa de canto daquela sala, onde as paredes tinham presenciado tal ato e tamanha dor.


Sua expressão era assustadora, seu corpo retorcido, a camisola branca manchada pelo combustível da vida e seus olhos entreabertos ainda estavam sujos da ultima lagrima de dor que ali tinha corrido. Seus cabelos negros e seu rosto perfeito abriam espaço para a fenda do qual aquele tiro tinha provocado. O sangue corria a cada segundo por sua boca, ouvidos e cabeça. As moscas já pousavam sobre aquele emaranhado de fluidos que ali repousava.


Mais e mais chuva caia e as cortinas ficam mais ferozes com o vento. Seu corpo ia gelando com o tempo e a fumaça daquele cigarro se tornando menor e já sem importância... Mas a musica persistia em não parar. Era sim o som do qual ela tinha decidido fazer tudo acontecer.


As perguntas e questionamentos tinham se findado, as dores do passado e o medo do futuro já não existia mais. Uma carta com letras borradas e tremulas estava encima de sua cadeira, papel amarelado com tinta azul contava tudo o que tinha se passado e como tal decisão tinha ocorrido, pedidos de desculpas, revelações e declarações era descritas claramente.


Seu gato cinza que do canto da sala tinha visto ocorrer toda cena, agora repousava com um olhar de tristeza sobre o seu corpo degradante.


E sua alma vagava pelo quarto relembrando os momentos que ali tinha ocorrido até aquilo acontecer. Nos portas retratos suas fotos, que mostravam os momentos perpetuados.


O cigarro se apaga, a chuva se intensifica e o som torturante se finda... Somente escuridão e a solidão mórbida acompanhavam aquele corpo.


Ventos, cheiros, vermes e moscas... Era a morte, simples e sorrateira morte!


Leia ao som de Eccentric - After Forever.


[Link para baixar a musica:05 Eccentric.wma]

18 comentários:

Anônimo disse...

very nice! hahahahaha

Ricardo Pato disse...

After Forever rocks...a melhor banda gotica do mundo

Arrasou no post

Abraço

Saulo Oliveira disse...

Olha só, vou te levar para fazer compras... você está depressivo, estou seriamente preocupado. Ok ?


Lá pras 20:00 tô passando ai na tua casa pra gente saí.


Te amo, bjão.

Renan disse...

Cara,esse teu texto ficou foda...


massa

Se cuida,rapaz!

Erich Pontoldio disse...

Nossa ... riqueza de detalhes ... muito bom o texto.

Arthur \ ZaF / disse...

o texto é muito bom, bastante detalhado como um bom texto deve ser, boa sorte com o blog ^^D;

obs.: uma crítica construtiva, se aceitar, releia atentamente o texto e vai ver informações contrárias, por exemplo em um trecho fala que apenas as paredes haviam presenciado o acontecimento e logo abaixo fala que também o gato estava presente no apartamento, fora essas contradições o texto está perfeito.

realmente muito bom. abrax

A'ZaF

Augusto disse...

Ow tem q ter um aviso...

NÃO LEIA SE NÃO QUISER FICAR DEPRIMIDO...

Caramba, quase deu vontade de morrer...

Muito bom o texto hein... Parabéns!

Ah não sou escrito, mas só percebi uma coisa, só pra não dizer que eu não li:

"onde somente as paredes tinham presenciado tal ato e tamanha dor."

"Seu gato cinza que do canto da sala tinha visto ocorrer toda cena"

Primeiro só as paredes tinham presenciado depois o gato tbm já tava lá... heheheh vlw velho muito bom o texto te mais!!!

Cleiton disse...

Arrumada essa contradição XD

Pseudo Urbano disse...

Puro lirismo!!!
Parabéns!

Carlos Eduardo disse...

Belíssimo texto,
foi você mesmo que fez?

Uns anos atrás escrevi algo parecido, achoq ue ainda tenho o texto. Mas fiz questão de não falar em nenhum momento se era homem ou mulher.


A parte mais tocante foi a do gato!

beijo.

http://putoanonimo.blospot.com

Anônimo disse...

Muito bom o texto .. sobrio, forte .. triste ...

Parece até uma naração de uma hitória de terror.. sobre espiritos .. rsrs

Abç..

humor lecal disse...

gostei bastante da música tbm
boa dica

Tђαммy disse...

After Forever??
Viva!!
Maravilha de post ;)
Valeu por ter passado no meu blog e pela simpatia do comentário :-)
Abraços

Luccannus - Jesum Christum est semper! disse...

Muito bom! Adorei seu blog e esse texto.
Não conheço a banda, depois vou baixar.

Grande abraço, fique com Deus.
____________


Visita o meu?
http://horateologica.blogspot.com/

Anônimo disse...

Olha eu de novo ... marcando presença ..

òtimo os seus textos .. eu li o de baixo tb ..s rsrsrs


abç..

Alexandre Silva disse...

Poderia ser tb: leia ao som de "Livro dos Dias" da Legião Urbana... deprimido até o talo, rsrsrs
Muito bom cara
Abraço
http://falandoprasparedes.blogspot.com

Karla Hack dos Santos disse...

After Forever é perfeito para a cena que acabou de descrever...
A chuva e o cigarro deram um toque de movimento a imagem da morte...
E a transição durante o texto... Fantástica!

Mto bom mesmo!

;DD

bjus

Ellen Regina - facetasdemim disse...

parece uma descrição imparcial, sem sentimento nem emoção da morte, mera narrativa de um ato alheio...