quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um sujeito Qualquer

A brisa era calma e sorrateira lá fora, as janelas abertas, as estrelas despontando no céu e aquela lua cheia e majestosa iluminava de forma descomunal o céu daquela noite.


E ele ali, sentado em frente aquela tela branca e ofuscante do computador. Em sua mesa mãos, teclado e mouse dividiam espaços com garrafas que carregavam dentro si restos de água do qual ele passava horas e horas bebendo. O cheiro de cigarros usados que vinham do cinzeiro era terrível fazendo-o cogitar vez em quando. Pilhas, maços de cigarros vazios, chaves e restos de comida também dava o ar degradante do lugar.


A musica tocava sinuosa, baterias, guitarras e gritos saiam das caixas do computador enquanto seus olhos vidrados deixava-o estático de frente com o que tinha se tornado a muito tempo sua vida. Janelas piscando, paginas abrindo e se fechando e entre um site e outro ele fica ali como um ser já sem vida.


Onde estava sua vida social? Para ele já não existia. O contato humano ele já não tinha a muito tempo, entre bolachas, batatas, e biscoitos ele ali tinha passado tempos fazendo uma coisa do qual ele costumava chamar de conversar. Mas o que era real? Se nem sua vida naquele momento era como tal. Tudo não passava de bites, números e energia que iam e retornavam com respostas do qual ele entendia como agradáveis.


Ele se transformava na frente daquele site com fotos de pessoas que jamais ele veria. Textos degradantes, pessoas esdrúxulas e fotos sensuais tomavam conta do roteiro do qual ele fazia questão de viver. Suas mãos doíam por não parar de escrever, e suas costas já curvas mostravam o quão ele já ali “residia”.


Era tudo monótono e sem vida, tudo artificial e imparcial. Mas para ele era o único jeito de ter o contato do qual ele queria.


Real? Perguntavam em uma janela, ele mais que rapidamente já respondiam que não. Preferia se omitir e se esconder atrás de um paradigma que ele mesmo tinha criado. Atrás de tabus e preconceitos dos quais ele mesmo tinha imposto.


As coisas saiam do seu controle, entre webcam, fotos, rostos desajeitados e textos contextualizados em sensualidade, ele se tornava cada vez mais mítico perante sua vida.


Paginas e mais paginas, pessoas indo e vindo e ele continuava ali, parado, estático, com uma vida do qual ele achava que era perfeita.


Um cigarro acendido deixava a fumaça subir grosseira e ligeira, enquanto mais goladas de água ele ingeria para se hidratar, suas mãos se multiplicavam dividindo o tempo entre caricias em si próprio e digitações. Olhos lacrimejados e boca semi serrada.


Vida, morte... Vida.


Vida Plástica eu diria!


Leita ao som de: The Angel And The One - Weezer

Um comentário:

Path! disse...

E naum eh q ele postou mesmo?!

Adorei! ;D

De novo neh...pq jah tinha lido essa da outra vez que postou... ^^


Bjoooo