Lembranças
Faltava luz e a cidadela estava em plena escuridão naquela noite, as nuvens densas e acinzentadas cobriam o céu, impossibilitando a luz da lua atravessar e iluminar as casas abandonadas e os jardins mal feitos.
Crianças brincavam na rua escura enquanto pessoas com rostos assustados e olhos arregalados olhavam pela janela a espera de alguma coisa acontecer, os carros passavam na rua com faróis altos cortando o barulho do vento e das corujas.
Uma brisa calma, escuridão e mais escuridão, o vento que passava lentamente por corpos, pelos e poros gelava a alma e o coração.
E ele estava ali, deitado em sua cama, olhando pela janela aquelas nuvens que não se movimentavam, entre um cigarro e outro ele brincava com o fogo do isqueiro e comungava com a escuridão que era sua única parceira naquela noite.
O vento balançava as cortinas e a janela do seu quarto fazia barulhos... Era o único som que ele conseguia escutar.
Seu corpo repousava na cama, naquela noite não existia novela, Internet, musica, não existia pessoas para ele conversar.
Seus olhos se fecham e sua mente projeta-o para lembranças do qual seu corpo e espírito já tinham vivido, pessoas, coisas e gestos. Tudo que ele pensava era com tanta intensidade que ele conseguia sentir claramente em seu corpo.
Ele se retraia na cama, se comprimia e sua respiração ficava ofegante a cada pensamento insano e descomunal que passava por sua cabeça. As lembranças não eram boas, não era satisfatórias, ele tentava controlar, mas não conseguia conte-las, sua respiração ia ficando mais forte e visceral a cada lembrança e as primeiras lagrimas eram possíveis perceber.
Ele levanta atordoado, senta em sua cama e uma tontura estranha toma o seu corpo, ele levanta dali desequilibrando-se vai até sua mesa e pega uma garrafa de uísque coloca uma dose e deita novamente na cama. Acende mais um cigarro, agora alternando tragadas e goladas daquele liquido quente e amargo.
Ele queria esquecer de tudo que lhe passava na cabeça. Já não tinha mais o porque ficar relembrando coisas sem importância aparente, hoje ele era opulente e poderoso tinha tudo o que queria, aquelas lembranças fazia com que seu passado transformasse seu futuro em ruínas.
Aquele liquido caramelisado e com odor forte só fazia sua mente ser cúmplice de sua derrota. Um gole, mais uma tragada e pronto seus pensamentos se tornam mórficos, fazendo-o ver os monstros do seu passado caminhar sobre o pequeno quarto do apartamento, era como ver todos aqueles que ele tinha machucado vir lhe cobrar sua vida como pagamento.
Ele então se encolhe no canto mais escuro da cama, é possível ouvir sua respiração, a tosse começa a ficar forte e intensa, o cheiro de cigarro era forte e a sonolência proporcionada através daquele elixir vinha sorrateira e calma. Ele vai relaxando aos poucos músculos e tecidos, seu corpo transpira seus olhos fecham calmamente, tontura, remorso, ruínas, lembranças, lagrimas...
Seus corpo cai e assim ele se entrega ao sono profundo das lembranças sem causa.
17 comentários:
Cara, vim deixar meu recado aqui.
Seu blog é muito bom, vc está de parabéns pela sua criatividade nada do que eu fale será diferente do que já tenham dito aqui por isso vou me resumir a uma paravra: perfeito!
Depois dá uma passada no meu e dá sua opinião.
abraço!
O mais bacana é que vc deixa subentendido a morte do personagem que deu a última tragada no cigarro, ouviu os ruídos lá fora e se recordou das coisas q viveu. Muito bom. Gostei muito do seu conto.
Abraço,
=]
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http://cafecomnoticias.blogspot.com
seu blog está maneirão..
quando puder dá uma passadinha no meu..
byee
Muito legal o seu blog!
Sobre o conto eu gostei, apesar de ficar sub entendido o final.
0/
Bacaaaaana! Contos são o que há, man. Gosto muito de escrevê-los também. Algo mais doentio me fascina, como a sua história.
Parabéns.
-
http://nossomundoimundo.blogspot.com/
Porque sabemos que você é tão imundo quanto nós.
A narrativa em si está muito boa, mas se me permitir uma observação, acho q a ênfase q vc quis dar em alguns trechos, divindo o texto em parágrafos, seria melhor resolvida com outro tipo de pontuação.
Me parece q lá pela metade da história os parágrafos estão aleatoriamente divididos, sem levar em consideração o assunto comum.
Também em alguns pontos a conjugação dos verbos alterna entre o pretérito imperfeito e o presente. Pra quem lê fica um pouco destoante (não sei se foi proposital. Se for o caso, esqueça o que disse, srsrs)
Bem, não leve minhas dicas a mal, vc tem a opção e a liberdade de ignorá-las.
Um grande abraço (obrigada pela visita ao facetas)
ellen regina.
www.facetasdemim.blogspot.com
Eu tenho que sair agora então não vou ter tempode ler mas prometo voltar e ler o texto com calma e deixar minha opinião.
Ora, Cleiton, não tem de quê!
Eu sou extremamente crítica comigo mesma e gosto disso, pq me faz crescer. Tb adoro quando alguém me dá dicas para o meu engrandecimento. Acho q "trocando figurinhas" todos nós só temos a crescer. E q bom q seja juntos!
ão tem noção, você faz textos perfeitos!
Muito lindos..
Eu discordo de q a pura divisão em parágrafos facilite, por si só, a leitura para o narrador, acho q uma boa pontuação, sem excessos nem faltas, dá, ela sim, a entonação necessária para entender melhor o texto, e o q é melhor, transmite o universo literário com toda a magia q o autor criou!
Alguns errinhos de concordância, mas um lindo texto!
Beijoooooooooo
Maíra Em Palavras
Puxa, Cleiton,
assim vc me emociona, snifff!
Eu estou lutado há quase um ano para publicar meu livro, meu sonho, mas é tão difícil... As editoras dão poucas oportunidades para novatos e não tenho condições de bancar uma publicação sozinha...
Às vezes eu desanimo, mas amigos maravilhosos como a Gi, minha chefe, e vc agora e outras pessoas gentis q conheci por aqui me fazem ver q o caminho será ainda mais longo do q imagino.
Obrigada, de coração, por não deixar essa chama se apagar dentro de mim.
Agora eu tive um tempo e vima qui ler como tinha prometido antes.
Gostei muito do texto,um tanto sommbrio,coisas do tipo que eu gosto.Sempre fui apegada a esse tipo de escrita,então em minha singela opinião,é um otimo texto que fala sobre um homem morto,porque mesmo que ele não tenha morrido ao final,ele estava morto bem antes disso,foi o que me deu a impressão.
Só fazendo propaganda do meu blog e falar para você passar lá pois postei coisa nova.
http://evangelinescarletangel.blogspot.com/
Como sou só um Pião, não entendo nada de gramatica e etc...
Gostei do texto, parabéns.
Abraços
Relamente seus textos são profundos, e este das lembranças foi eu que mais gostei!
A respeito do que a Ellen disse nos comentários referente a parágrafos, achei o mesmo.
Parabéns pelo excelente blog!
"CARAMELISADO" com "S"???
Filho, volta pras aulas de português.
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